Nas minhas formações há poucas regras: apenas exijo que se divirtam muito, que aprendam muito e que no momento de partilha de textos não comecem a falar mal do trabalho que acabaram de fazer. Temos muito este hábito de falar mal de nós próprios, de nos massacrarmos. Claro que nem sempre tudo corre bem e eu não estou lá apenas para aplaudir, mas aprendi com uma formadora que devemos sempre começar pelo lado positivo e depois ver o que correu menos bem. 

O poder das palavras tem uma enorme influência em nós e há pessoas que não se apercebem – ou apercebem-se! – do que uma frase pode provocar na vida de outra pessoa. 

A semana passada, no espaço de três dias, fui confrontada com algumas pessoas assim. A pessoa inconveniente que diz coisas que ferem sem nunca lhe termos dado espaço para isso, a pessoa desaparecida que nunca diz um “olá”, mas está sempre na primeira fila a dizer “isso está mal” e o crítico compulsivo que fala todos os dias, mas sempre para esmagar com o peso de uma pata de elefante. Estas pessoas mexeram negativamente comigo. 

É verdade que, às vezes, precisamos levar um raspanete, mas também é verdade que há formas de se dizer determinadas coisas. Se numa formação eu focar-me sempre no que os formandos estão a fazer de errado, se os atropelar verbalmente, muitos vão desmotivar. Não estou a falar em palmadinhas nas costas, estou a falar em sensibilidade. 

Por trabalhar com palavras, sei o impacto que elas podem dar. Há palavras que são abraços e palavras que são socos secos no estômago. Há palavras que sussurram e palavras que gritam. Há palavras que sabem ao nosso prato preferido e palavras que têm o sabor de leite azedo. Há palavras para todos os gostos e há quem só use as ásperas, cinzentas e amargas. Há dias em que não medimos as palavras e saem autênticos comboios verbais que magoam quem nos lê ou ouve. Mas já percebi que há pessoas que gostam mesmo de ser maquinistas desses comboios e não o fazem apenas em dias maus. É um estilo de vida. Para elas e para as que pensam antes de falar/ escrever, partilho o poema mais bonito sobre palavras.

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