É, mas eu não tenho nenhuma! Estou a exagerar, claro. Numa escala de 0 a 10 estou no nível 4,5 da organização. É uma nota negativa, mas eu entendo-me na minha desorganização (esta é a desculpa que todas a pessoas desorganizadas dão para tentarem explicar o caos que é a sua vida ou a sua cabeça).
Nas minhas formações, o primeiro conselho que dou é sempre o mesmo: tenham um caderno de escrita. Para mim, é a melhor forma de organizar o que se quer escrever, seja no imediato, seja no futuro. No nosso dia-a-dia somos “bombardeados” por estímulos que, se não escrevermos, vão ficar perdidos em qualquer gaveta do nosso cérebro. O ano passado, quando fui dar um workshop ao Porto, fiquei numa casa de hóspedes em Matosinhos. O senhor Zé, quando me viu sair para jantar apenas de camisa e sem casaco, abriu uma cómoda que estava na receção e tirou uma camisola de lã. “Leve, menina, frio é que não pode passar!”. Nunca me esqueci do gesto e parece que ainda sinto aquele cheiro a naftalina misturado com detergente da roupa. Se eu não tivesse escrito isto no meu caderno, o mais provável é que já não me lembrasse deste episódio. Um dia, se calhar, quando precisar criar uma personagem, poderei pensar no sorriso do senhor Zé, no pão que pôs no forno só para mim e na camisola que me salvou a noite.
Esta é a minha única organização, mas para mim, desorganizada assumida, vale ouro!
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