Enquanto formadora, a parte mais difícil do meu trabalho é a avaliação. Lidar com a escrita é lidar com emoções e é neste vulcão em erupção de sentimentos que eu tenho de avaliar. Já me aconteceu ter formandos que escrevem tudo certinho, bom português, mas criatividade zero, uma espécie de pastilha elástica muito gasta que mantemos na boca. Depois há aqueles que precisam aprimorar o domínio da Língua Portuguesa, mas as ideias pululam de forma tão engraçada da cabeça para o papel que quase me esqueço que aqui ou ali havia algo a corrigir. E, por fim, há os que escrevem loucamente bem sobre coisas inusitadas, tudo com uma criatividade genial. Seja qual for o formando que tenho à frente, o meu papel é corrigir algo que pode ser melhorado. E, neste ponto, volta a haver várias espécies: “sim, Mónica, realmente tenho de melhorar esse ponto. Ajudas-me?”; “sim, Mónica, realmente tenho de melhorar esse ponto, mas agora não é relevante para mim”; “não concordo, eu sei que isto está tudo bem e não vou mudar nada”; por fim também há a espécie “silêncio absoluto”, que é como quem diz “quem és tu para me estares a dizer o que quer que seja?!” Ouvir uma crítica não é fácil, eu sei, mas ter alguém que diz que nos pode ajudar a melhorar e nós viramos as costas é só um pouco estranho…
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